Netos do “Carrasco” celebram legado de afeto no Dia de Finados
Sandra Moreno - 2 de novembro de 2025
SAUDADE: Mauro e Duilio visitam o túmulo do avó e prestam homenagem
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Devoção popular mantém viva a memória de João Estefânio e da Santinha do Ibitu, dois dos túmulos mais visitados

DEVOÇÃO: Túmulo da Santinha do Ibitu também é um dos mais visitados
No Dia de Finados, dois túmulos chamam especialmente a atenção entre os milhares existentes no Cemitério Municipal de Barretos. Ambos carregam histórias que atravessam décadas e mantêm viva a devoção popular: o da “Santinha do Ibitu” e o do “Carrasco”.
Maria Aparecida da Conceição, conhecida como Santinha do Ibitu, morreu aos 13 anos, em 1942, vítima de assassinato cometido pelo padrasto. Desde então, seu túmulo se tornou local de peregrinação de pessoas que agradecem por graças alcançadas, fixando na lápide inúmeras placas como testemunho de fé.
Já o túmulo do Carrasco, apelido de João Estefânio, reúne quem acredita na bondade daquele que, em vida, conquistou Barretos pelo carinho com as crianças. Abatedor no frigorífico, distribuía balas nas ruas, era acompanhado pela cachorrinha Diana e carregava no bolso o que fosse possível para oferecer um gesto de afeto.
Tamanha gratidão fez com que o povo barretense doasse uma sepultura perpétua em homenagem a ele — um gesto raro, que transformou sua última morada em patrimônio da comunidade.
Dois netos de Estefânio estiveram no cemitério para prestar homenagens. Duílio Manoel dos Santos, 79 anos, conviveu com o avô até os 10 anos e guarda lembranças afetuosas. “Ele era alegre, adorava as crianças. Chegava com a mão cheia de balas e já pegava a gente no colo. Era avô de todo mundo. O queridinho de Barretos” — recorda.
Mauro Cotrin Silva, 75 anos, mesmo tendo convivido pouco tempo com o avô, reforça que sua imagem continua viva graças ao povo: “A gente fica contente em ver que ele deixou história. Muitas pessoas me procuraram ao descobrir que eu era neto dele, pedindo até foto para guardar com carinho.”
Os familiares ressaltam que, todos os anos, o túmulo amanhece repleto de velas, flores e orações. “Ele virou símbolo de devoção em Barretos”, diz Duílio, orgulhoso.
Furto
Durante a visita, os netos se depararam com uma surpresa: o furto da placa que trazia a foto de João Estefânio, junto com o ornamento de bronze que a sustentava. “A gente pede respeito. Vamos repor a foto, mas queremos que parem de levar aquilo que representa a memória da família. É a última morada de quem já fez tanto” — afirmou Mauro.

A família pretende instalar nova foto de forma reforçada para evitar novos furtos.
O apelo é para que o cemitério permaneça como um espaço de memória, fé e preservação da história local — não de depredação.



