No coração do Evangelho
Diocese de Barretos - 25 de outubro de 2025
No coração do Evangelho
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Por Diác. Matheus Flávio, São Gabriel Arcanjo, Jaborandi-SP
Continuando a leitura da exortação apostólica do Papa Francisco sobre a confiança no amor misericordioso de Deus por ocasião dos 150 anos do nascimento de Santa Teresinha (celebrados no ano passado), hoje chegamos ao último tópico. No coração do Evangelho, o ensinamento de Santa Teresinha do Menino Jesus ressurge com força e atualidade, como convite a redescobrir o essencial da fé cristã: a centralidade do amor. Retomando o apelo da Evangelii gaudium, o Papa Francisco recorda que o anúncio missionário deve concentrar-se no núcleo luminoso da mensagem cristã – “a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado”. Em tempos de dispersão e multiplicidade de temas, Teresinha aparece como “Doutora da síntese”, capaz de conduzir o olhar da Igreja ao que é mais belo e indispensável: o amor que nasce da confiança e se expressa em caridade concreta. A Santa de Lisieux ensina que nem todas as verdades da fé têm o mesmo peso, pois há uma hierarquia que coloca a caridade no centro. O coração da moral cristã não é um conjunto de normas, mas a resposta amorosa ao dom gratuito da Trindade. Suas palavras e sua vida apontam para o essencial: tudo o que vale é amar. Nesse sentido, seu contributo teológico é mais sintético que analítico – não busca explicar, mas revelar o núcleo vital do Evangelho, iluminando o caminho dos fiéis e dos teólogos que desejam unir doutrina e vida espiritual. O Papa adverte que, ao falar de Teresinha, não se deve reduzir sua espiritualidade a aspectos secundários – piedade, sacrifício ou devoção –, mas compreender o conjunto da sua existência como expressão viva de um Evangelho encarnado. Cada santo é uma missão, um reflexo de Cristo em determinado tempo; e Teresinha é o ícone do amor confiante que vence o medo, supera o moralismo e reacende a alegria cristã. A atualidade de Teresinha manifesta-se em sua “pequena grandeza”, pois ela revela a beleza de uma vida feita dom num mundo marcado pelo individualismo; mostra o valor do amor que se torna intercessão, da pequenez que vence a sede de poder, do cuidado que resiste à cultura do descarte. Diante da complexidade contemporânea, ensina a simplicidade evangélica e o primado absoluto do amor e da confiança, libertando a fé de uma lógica de obrigação e devolvendo-lhe o frescor da graça. Assim, século e meio após seu nascimento, Santa Teresinha permanece viva no coração da Igreja peregrina, espalhando suas “rosas” – os sinais da graça que Deus concede por sua intercessão. Sua mensagem é oração e profecia: “A Igreja precisa fazer resplandecer a alegria do Evangelho... Ajudai-nos, Teresinha, a viver o vosso caminhito de santidade, na confiança e no amor”.



