No princípio…
Diocese de Barretos - 1 de janeiro de 2025

No princípio…
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Por Pe. Flávio Aparecido Pereira, Vigário Paroquial Catedral Barretos
Assim se iniciam o livro de Gênesis e o Evangelho segundo João. Ambos os textos mostram para todos que a ação divina se faz presente desde a origem do mundo, e, ao olhar para o passado, percebe-se o quanto seu amor nos abraça, não apenas no hoje do tempo, mas sim em todo o transcurso da história.
Olhar para o passado é um modo de recordar a história, fazendo com que lembranças sejam vividas, ou melhor, não pereçam com o caminhar dos anos. Contemplar o que se viveu até então é um modo de agradecer tudo o que o Senhor proporciona a seus filhos.
O texto de Gênesis continua dizendo que a ação de Deus cria tudo, por meio da Palavra que Ele profere; a Palavra de Deus tem força criadora. Mais do que isso, a Palavra de Deus é o próprio Deus, pois São João diz no prologo de seu evangelho que “no princípio a Palavra estava com Deus, era Deus […] e a Palavra se fez carne e habitou entre nós”.
Princípio representa origem, mas remonta a uma continuidade posterior, pois quando se fala “no princípio” há a recordação do que passou; assim, toda história do ser humano pode ser transcrita como um memorando, o qual fora redigido por Deus; a continuidade na história tem como finalidade a salvação que se deu por meio do madeiro da cruz, por isso, São João faz essa recapitulação histórica, para mostrar que quando o mundo foi criado, Deus lá estava, e, junto dele, Sua Palavra, a qual habitou entre nós quando se fez carne.
Em Gênesis, por meio da Palavra, tudo foi criado. Em João, a Palavra que estava com Deus e era Deus, se faz carne e passa a fazer morada na vida do homem. Isso simboliza que, como diz a música “desde o princípio, antes mesmo que a terra começasse a existir, o Verbo estava junto a Deus”, e que “veio ao mundo, rico em misericórdia, Deus mandou o filho seu…”
Ao recordar a história da salvação, contempla-se o mistério de amor de Deus pela humanidade, por isso, ao criar, Ele vê que tudo era bom, mas ao criar o homem, Ele vê que “é muito bom”. Princípio é voltar a enxergar a vida e o homem como algo muito bom quisto por Deus, e por ser rico em amor e misericórdia, Deus cria para salvar e salva para criar, dando ao homem a possibilidade de voltar-se ao seu primeiro e verdadeiro amor.