Tem gente que briga por futebol. Outros, por novela. Já vi discussão por causa de ketchup na pizza. Mas o que tem dividido o Brasil de verdade nos últimos tempos é a tal da política. Ou melhor, esse papo de “nós contra eles”, frase ressuscitada pelo pessoal do PT, pegou como bordão de torcida. Mas o problema é que, em vez de animar o jogo, ela está deixando todo mundo no campo de guerra. Já não basta os boletos, a fila do SUS e o preço do café — agora ainda tem que escolher um lado e se preparar para a treta.

Ficou assim: escolhe uma cor, veste uma camiseta, fecha os olhos e grita com quem pensa diferente. Pronto, já está participando do campeonato nacional da polarização. A coisa ficou tão feia que virou briga até entre irmãos. E não é modo de dizer, não — tem irmão contra irmão, barretense contra barretense, cristão contra cristão. O churrasco de domingo virou debate político, e o grupo da família virou tribunal.

Um lado fala “companheiro!”, o outro responde “comunista!”. Um diz “família!”, o outro retruca “fascista!”. E o brasileiro comum, que só queria assistir a um joguinho e comer uma picanha ou uma ponta de peito, para agradar os dois lados, fica ali no meio, tonto, com saudade da época em que política era só assunto de jornal das oito.

Enquanto isso, o Brasil roda em círculos. E a gente gira junto, feito quem caiu no bloco errado no Carnaval e ainda perdeu a fantasia.  Talvez seja hora de aposentar o bloco “nós contra eles” e pensar em algo mais útil. Tipo Unidos do “nós por todos”, ou até mesmo “cada um por si, mas com educação, por favor”.

Porque se continuar assim, a gente vai terminar igual reunião de condomínio: começa discutindo o portão da garagem e termina com ameaça de processo, dedo na cara e coxinha voando pela janela. E olha... nem se tira o ketchup da pizza vai consertar esse estrago. Que tal “tomar um cafezinho na padaria” e alinhar?