Clareza e correção gramatical

É curioso como, ao ler uma frase, raramente nos detemos para pensar qual é a palavra que efetivamente “manda” no verbo. No entanto, esse termo – o núcleo do sujeito – exerce papel determinante na construção de enunciados corretos. Ele é o elemento que guia a forma verbal e assegura que a mensagem seja transmitida sem ruídos. Dois aspectos revelam sua importância: o primeiro, ligado à concordância verbal e à precisão estrutural; o segundo, relacionado à clareza e à eliminação de ambiguidades, especialmente quando o núcleo se apresenta em posições ou formatos menos óbvios.

O núcleo do sujeito é o ponto de referência para que o verbo assuma a forma adequada. Em “O conjunto de alunos chegou cedo”, por exemplo, o núcleo “conjunto” impõe o verbo no singular, apesar de a palavra “alunos” sugerir pluralidade. O mesmo ocorre em “As mudanças no projeto foram aprovadas”, em que “mudanças” é o núcleo e obriga o verbo a concordar no plural. Reconhecer esse centro gramatical é essencial para evitar deslizes, pois um erro de concordância pode comprometer a credibilidade de um texto, seja em um documento oficial, seja em uma publicação jornalística.

A posição e a complexidade do núcleo também influenciam a clareza da frase. Em “Os diretores, com a equipe técnica, aprovaram o projeto”, a correta identificação do núcleo afasta a interpretação de que apenas a equipe técnica participou da aprovação. Já em “Uma série de eventos inesperados atrasou a entrega”, a estrutura interna do núcleo – “série” – determina a forma verbal, mesmo que o substantivo mais próximo esteja no plural. Assim, identificar o núcleo assegura que cada informação chegue ao leitor com precisão e sem ambiguidades.

Luciano Borges é Doutor em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, na área dos estudos discursivos e textuais – literatura, artes e mídias digitais