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O apocalipse é o fim dos tempos?

Diocese de Barretos - 29 de outubro de 2025

O apocalipse é o fim dos tempos?

O apocalipse é o fim dos tempos?

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Por Pe. Flávio Pereira, Vigário Catedral, Barretos-SP

O Apocalipse de São João é o último livro do Novo Testamento. Quando o lemos, vemos que João recebe diversas visões, as quais tratam da segunda vinda de Cristo, do Juízo Final, do triunfo de Deus sobre o mal e da renovação da criação. É uma linguagem enigmática e que, por diversas vezes, faz o lançamento de questionamentos sobre se é ele o livro que narra o fim do mundo, ou o fim dos tempos. Este livro foi escrito em contexto de perseguição, entre os anos 90-100 d.C.; destinava-se aos cristãos que enfrentavam pressões, sendo uma menagem de esperança aos que se sentiam abandonados e fragilizados por tudo que estava ocorrendo. Ao olhar por fora, sem ter o conhecimento do contexto, e observando as grandes atrocidades narradas em suas linhas, aplicando-as no dia de hoje, algumas perguntas são feitas por todos: será que estamos vivendo o fim do mundo; estamos vivendo o Apocalipse? Olhando para todos os momentos de crise, sejam elas sanitárias, guerras, fogo em excesso, pandemias, seca, fome, colapso em nível ambiental, entre outros, tais perguntas parecem fazer sentido. São João, exilado e preso na Ilha de Patmos, quando escreve o Apocalipse, faz um resumo de toda a escatologia cristã, ou seja, faz um estudo das últimas coisas ou do “fim dos tempos”. No entanto, ele é mais que um livro simbólico, pois traz esperança e orientação espiritual. O Catecismo da Igreja Católica ensina que, “No fim dos tempos, o Reino de Deus chegará à sua plenitude. Depois do Juízo final, os justos reinarão para sempre com Cristo, glorificados em corpo e alma, e o próprio universo será renovado: Então a Igreja alcançará «na glória celeste, a sua realização acabada, quando vier o tempo da restauração de todas as coisas e, quando, juntamente com o gênero humano, também o universo inteiro, que ao homem está intimamente ligado e por ele atinge o seu fim, for perfeitamente restaurado em Cristo» (1042)”. Com toda a sua profundidade teológica, o livro do Apocalipse convida os fiéis à vigilância, à conversão e à esperança de forma constante em suas vidas, uma vez que ele não fala apenas do “fim do mundo” como catástrofe material, mas sobretudo de consumação escatológica, sendo esta a hora na qual Deus cumprirá as promessas da ressurreição dos mortos, juízo final e da nova criação. Alguns documentos da Igreja atestam que o Apocalipse possui muitos símbolos, sendo eles: selos, trombetas, bestas, dragão, representações de poder, martírio, vitória e nova criação; tais símbolos não podem ser lidos isoladamente, mas sim aplicados à luz da Sagrada Escritura, da Tradição e do Magistério, sem se esquecer do que ele significa, o que representou ao povo, e o mais importante, o contexto histórico em que ele foi escrito. O que foge disso não tem correlação com o aspecto simbólico, pois causa medo nos interlocutores – não sendo este o intuito do livro e nem seu contexto geral, pois, ao contrário deve fazer-lhe uma transformação interior!