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O BBB que estamos perdendo

O Diário - 19 de março de 2024

O BBB que estamos perdendo

Mario Luiz Ribeiro - Advogado, professor universitário, Mestre e Doutor em Direito - e-mail: [email protected]

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De início já alerto que o artigo não é sobre Bambans, Massaferas, Davis ou Wanessas da casa mais vigiada do país.

Os três Bs a que me refiro são exatamente sobre Benção, Beatles e Bastão que estão sendo deixados de lado.

Os nascidos até 1980 tinham uma forma interessante de cumprimentar as pessoas mais velhas, especialmente os pais, tios e avós. Como sou dessa geração, tenho muito nítido na minha lembrança que ao chegarmos em algum lugar que tivesse nossos parentes mais velhos, pedíamos a Bênção. Era um ritual muito disseminado, que continha uma fórmula de login e senha muito simples. A criança, adolescente, jovem ou até uns mais vividos, ao se deparar com a pessoa reverenciada dizia:

- Bença, tio.

E resposta:

- Deus te abençoe!

Aí poderiam começar a conversar, comer, correr, brincar, ou qualquer outra atividade que fosse fazer.

No fim do encontro, esse joguinho de chave e fechadura se encontrava novamente.

Perdemos a tradição de pedir a benção de Deus às pessoas mais velhas, vividas e experientes.

Recentemente uma pesquisa foi conduzida pela empresa britânica Censuswide, constatou que mais de 30% da Geração Z (entre 16 a 23 anos), não conhece o trabalho dos Beatles. Devemos aqui levar em consideração três informações: i) “Yesterday” é a música com maior número de regravações da história, com mais de três mil covers; II) os Beatles são da Inglaterra, e; III) a pesquisa foi feita na Inglaterra.

Ora, se no país de origem, 30% dos jovens ingleses não conhecem os Beatles, há uma tendência de que, mantidas as condições atuais, com mais duas ou três gerações as pessoas deixem de acessar esse conteúdo.

Quando me referi ao terceiro B, seria para fazer referência ao Bastão. Essa minha geração, chamada Geração X (com 45 a 60 anos), não temos conseguido passar o Bastão aos descendentes.

Benção, Beatles, tradições, conhecimentos, experiências e outros elementos importantes, são Bastões que devem ser passados. 

Não soubemos fazer isso!

A culpa não é dos mais novos.

Mario Luiz Ribeiro

Advogado, professor universitário, Mestre e Doutor em Direito

e-mail: [email protected]