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O “caminhito” da confiança e do amor

Diocese de Barretos - 11 de outubro de 2025

O “caminhito” da confiança e do amor

O “caminhito” da confiança e do amor

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Por Diác. Matheus Flávio, São Gabriel Arcanjo, Jaborandi-SP

Continuando a leitura da exortação apostólica do Papa Francisco sobre a confiança no amor misericordioso de Deus por ocasião dos 150 anos do nascimento de Santa Teresinha, hoje chegamos ao segundo tópico. Santa Teresinha do Menino Jesus descobriu e apresentou à Igreja o seu “caminhito da confiança e do amor”, também chamado de caminho da infância espiritual. Esse caminho é acessível a todos, em qualquer estado de vida, e consiste no abandono filial nos braços de Deus, que “revela estas coisas aos pequeninos” (Mt 11,25). Em História de uma alma, ela afirma: “Posso, apesar da minha pequenez, aspirar à santidade… quero procurar a maneira de ir para o Céu por um caminhito muito direito, muito curto; um caminhito completamente novo”. Para explicar essa via, recorre à imagem do elevador: “O ascensor que me há de elevar até ao Céu são os vossos braços, ó Jesus!”. Reconhece-se incapaz de apoiar-se em si mesma, mas totalmente confiante no amor divino. Diferente de uma visão pelagiana e elitista de santidade, baseada no esforço humano, Teresinha enfatiza o primado da graça: “Não conto com os meus méritos, não tenho nenhum, mas espero n’Aquele que é a Virtude, a própria Santidade”. Por isso, a sua doutrina não nega o crescimento da graça mediante a cooperação humana, mas insiste que tudo é dom gratuito. O Catecismo retoma suas palavras: “Aparecerei diante de Vós com as mãos vazias”, para mostrar que os santos reconhecem que seus méritos são pura graça. A confiança de Teresinha vai além da santificação pessoal, pois é um abandono cotidiano em todas as circunstâncias da vida, libertando dos medos e da necessidade de controle. Pouco antes de morrer, afirmava: “Creio que nós, que corremos pelo caminho do Amor, não devemos pensar no que nos pode acontecer de doloroso no futuro, porque é faltar à confiança”. Mesmo na escuridão da “provação contra a fé”, uniu-se aos incrédulos, intercedendo por eles e reafirmando sua esperança: “Corro para o meu Jesus, e digo-Lhe que estou pronta a derramar o sangue… para confessar que o Céu existe”. O coração da sua espiritualidade é a misericórdia infinita de Deus: “A mim deu-me a sua Misericórdia infinita, e é através dela que contemplo e adoro as demais perfeições divinas”. Essa confiança ilimitada manifesta-se também em episódios concretos, como no caso do criminoso Henrique Pranzini. Rezando pela sua salvação, Teresinha acreditava firmemente que Jesus o perdoaria, e ficou profundamente comovida ao saber que, no último instante, ele beijou o crucifixo antes de morrer. Assim, Teresinha ensina que o pecado é imenso, mas não infinito; só o amor de Cristo é sem limites. Por isso, ousa pedir: “Jesus, faz-me salvar muitas almas…”. Seu “caminhito” permanece como mensagem viva de esperança: não são necessários grandes feitos, mas apenas confiança e abandono no Amor Misericordioso.