O chão de Barretos, aos corredores
O Diário - 7 de outubro de 2025
                  KARLA ARMANI MEDEIROS, historiadora e ocupante da cadeira 7 da ABC. @profkarlaarmani
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Quando está correndo, quais pensamentos vêm à mente de um corredor?
A resposta varia conforme cada indivíduo, principalmente quando a corrida não é um treino e sim uma prova. Com ritmo e ofegância mais intensos, é preciso se concentrar, mas se permitir distrair quando a mente cansa. Porque ela também cansa. No geral, os pensamentos variam conforme o motivo que leva uma pessoa a correr uma prova. Tem gente que corre para performar e alcançar o pódio, outros somente para sentir a brisa no rosto, cura de uma doença, superação após lesão, além do motivo principal: a saúde.
Como corredora, devo confessar que os meus pensamentos são os mais variáveis e flutuantes possíveis. Mas, neste último domingo, achei-os tão interessantes que resolvi compartilhar com meus leitores, que tanto gostam da história da cidade. No último dia 5, aconteceu a primeira meia-maratona de Barretos, promovida pela Unimed. Foi a primeira vez que nosso chão preto serviu aos ávidos corredores que são apaixonados pela desafiadora distância de 21,097 km. Saindo do Parque do Peão, depois de percorrer a sua bela estrutura, descemos até o Clube Rio das Pedras e, subindo, fomos rumo à via das Comitivas, até seu ponto de origem; de lá, retornamos ao parque. Um percurso extremamente desafiador, que só foi possível percorrer após muito preparo e pela espetacular organização da prova.
Durante o percurso, pensei na história da cidade; foi mais forte que eu. Primeiro, porque estávamos vendo a história acontecer por ser esta a primeira “meia”. Segundo, porque toda aquela região, próxima ao córrego São Domingos, é historicamente das mais importantes ao desenvolvimento de Barretos. Era por ali, na via das comitivas e imediações, que os peões estradeiros e suas tropas, vindos do Brasil Central, adentravam a velha Barretos depois de longas viagens tangendo as boiadas. Aquela antiga estrada boiadeira, virou asfalto e este tornou-se caminho para nós, corredores apaixonados. É lindo como tudo se transforma, sem deixar de ser essência. Antes, terra e peões; agora, asfalto e corredores. Mas é a mesma Barretos do velho chão preto. Viva nosso chão!



