Empreender é um ato de coragem. Manter um negócio por 25 anos, com crescimento contínuo e relevância em uma cidade do interior, é também um ato de fé, disciplina e, principalmente, cultura. Ao olhar para a trajetória da Marks Veículos, que completa agora um quarto de século, é impossível não refletir sobre o papel das empresas familiares na economia brasileira e os desafios que enfrentamos para garantir sua continuidade com qualidade, valores e propósito.

As empresas familiares representam aproximadamente 90% dos negócios no Brasil, segundo dados do IBGE, e são responsáveis por cerca de 65% do PIB nacional e 75% dos empregos gerados no país. É um número expressivo, que nos lembra da força desse modelo e da sua relevância econômica e social. No entanto, esse protagonismo contrasta com uma estatística desafiadora: apenas 36% dessas empresas sobrevivem à segunda geração, e menos de 20% chegam à terceira.

A resposta para essa baixa longevidade está, muitas vezes, na ausência de um planejamento sucessório estruturado e na dificuldade de equilibrar os laços familiares com os desafios da gestão moderna. Quando fundei a Marks Veículos ao lado da minha esposa Jane, nosso objetivo era criar um negócio sólido, mas também um legado com propósito. Sempre soubemos que nossos filhos cresceriam entre carros, clientes e conversas de negociação, mas nunca impusemos esse caminho a eles.

Pelo contrário, oferecemos liberdade para que cada um fizesse suas próprias escolhas, pessoais e profissionais. E foi justamente essa liberdade que os trouxe de volta, por vontade própria, com novos olhares, novas habilidades e o mesmo compromisso com os valores que construímos. Hoje, temos a alegria de ver nossos filhos fortalecendo não só os nossos negócios, mas a cultura que nos sustenta desde o primeiro dia.

A sucessão não é um evento, é um processo. Ela exige escuta, flexibilidade e, sobretudo, confiança no futuro. Cada um dos nossos filhos seguiu um caminho que enriqueceu a empresa: cada um com suas vivências e  talentos. Todos carregam, no entanto, o mesmo DNA: o respeito pelo cliente, o compromisso com a equipe e sociedade e a paixão pelo que fazem.

E é aí que entra a cultura empresarial. Sem uma cultura forte, não há legado possível. Cultura é o que nos move quando ninguém está olhando. É o que mantém o padrão, a ética, o atendimento, a alma do negócio viva, mesmo quando as pessoas mudam. Ela é transmitida no exemplo, na forma como tratamos nossos colaboradores e clientes, na postura diante das crises, na honestidade das decisões.

Foi esse entendimento que nos levou em 13 de maio de 2022, a criar o Instituto Marks Veículos: uma extensão do que somos enquanto empresa e enquanto família. Queremos formar jovens, apoiar projetos sociais e contribuir para que outras pessoas também possam criar, liderar e crescer com responsabilidade. O conhecimento precisa circular e esse é o nosso modo de multiplicar o que recebemos ao longo dessa jornada.

O futuro das empresas familiares começa hoje. Começa no diálogo entre gerações, na abertura para o novo, na valorização das raízes e na construção de um modelo de gestão que respeita o passado, mas olha com coragem para o futuro.E é isso que levará as empresas familiares adiante.