O novo conflito no Oriente Médio
O Diário - 19 de junho de 2025

DANILO PIMENTA SERRANO É ADVOGADO E PROFESSOR UNIVERSITÁRIO
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Na madrugada da última sexta-feira, Israel iniciou uma grande ofensiva contra o Irã, possivelmente o seu principal inimigo desde a revolução iraniana de 1979. Os dois países, inimigos figadais, nunca haviam se enfrentado diretamente até o ano passado, quando houve uma troca de ataques no mês de outubro, em decorrência do assassinato, por Israel, dos chefes do Hamas e do Hezbollah.
O conflito atual, que escala rapidamente, se iniciou com massivos ataques israelenses à alvos ligados ao programa nuclear iraniano, que estaria muito próximo de fabricar algo entre 9 e 15 ogivas nucleares, o que poderia colocar a existência do Estado de Israel em risco.
Para além da urgência israelense de interromper o programa nuclear iraniano antes que os persas consigam construir suas bombas atômicas, o momento atual está favorável para os israelenses realizarem os ataques, longamente planejados. Com o Hamas dizimado, o Hezbollah e os Hutis bastante fragilizados ao longo dos últimos meses, os tradicionais parceiros do Irã não têm condições de lutar ao lado dos iranianos agora. Ademais, do outro lado do Atlântico, os israelenses contam com uma Casa Branca muito mais condescendente com o seu intento do que um ano atrás.
Do ponto de vista do direito internacional, discute-se se os ataques da última sexta-feira foram legítimos, ou se representaram uma violação do direito internacional. Os que defendem a legalidade dos ataques, justificam que Israel vem sendo atacado há anos pelo Irã por meio de seus “proxys”. Quem defende que os ataques violam o direito internacional alega que não houve nenhum ataque direito do Irã que justificasse a postura israelense.
Acredito que esse conflito não irá se prolongar por muito tempo, ou escalar para um nível global, mas certamente aumenta a instabilidade mundial em um cenário geopolítico já bastante instável.