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O retorno

Diocese de Barretos - 4 de junho de 2025

O retorno

O retorno

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Por Pe. Flávio Pereira, Vigário Catedral, Barretos-SP


Talvez seja difícil recomeçar e voltar, pois existe um sentimento que não nos permite olhar para baixo, em tom de humildade, em algumas situações e, o simples ato de fazer o retorno seria algo humilhante. Tal processo é penoso e pesaroso, pois temos o olhar voltado para a frente, e, por vezes pensamos que, o que passou não tem que retornar. Sendo bem genérico, quando fazemos uma viagem previamente programada, precisamos, ao final dela, retomar o caminho que nos conduz de volta à nossa casa. Quando éramos pequenos, ao sairmos de casa, voltávamos para a casa dos nossos pais. Quando frustrações nos ocorriam, era para seus braços que nos dirigíamos, ou seja, voltávamos. Hoje, adultos, precisamos aprender a lutar contra algumas situações e devemos correr para o braço e o abraço do Pai, que nos acolhe. Mesmo sendo difícil reconhecer o erro e a falha que nos acomete, devemos fazê-lo, pois o Pai não nos vai olhar com um julgamento pré-estabelecido, mas sim estender o braço para nos acolher, pois Ele reencontrou seu filho com vida e com saúde. Todos temos liberdade para irmos adiante – bem como para voltarmos, mas cada atitude realizada possui em si consequências, sejam elas boas ou ruins, toda ação tem uma reação. O filho pródigo voltou para o Pai e imaginemos como deve ter sido difícil para ele se olhar e perceber o quanto perdera longe do local no qual ele tinha de tudo: amor, carinho, cuidados e alimentos. Quando saímos para viver nossa vida longe de Deus, muito perdemos, ao passo que se o fizermos com Deus, Ele há de ser nosso sustento. A Palavra nos diz que há muito mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão (Lc 15,7). O simples e complexo ato voltar demonstra amor e humildade, e só o fará aquele que se abre ao arrependimento, podendo testemunhar que o Pai não julga, mas acolhe, pois Ele ama o pecador, mesmo abominando o pecado. Quando nos arrependemos e voltamos, o que há de melhor o Pai nos dá: anel, sandálias, túnica e um novilho gordo, pois se alegra por ter nos encontrado com saúde e vivos (Lc 15,22-24). No filho pródigo, temos a prefiguração perfeita do retorno ao Pai, pois todas as vezes que voltamos, há a alegria perene que inunda os corações do Pai e também o nosso. Ao fim da nossa viagem, devemos estar felizes, pois estamos de volta aos nossos lares; ao fim de nossa jornada terrena, devemos nos alegrar, pois nos dirigimos ao Pai, e Nele encontramos acolhida, repouso, descanso e um afetuoso abraço a nos acolher, uma vez que seu amor é a força motivadora para tudo ser transformado. Nada de preocupações! Em Deus, só amor.