Tenho certeza de que vocês já devem ter escutado que usar óculos evita o aumento do seu grau. Apesar de ser uma ideia comum hoje em dia, ela está parcialmente incorreta. O termo ametropia (miopia, hipermetropia e astigmatismo) é utilizado para designar erros refrativos do olho humano, nos quais a imagem dos objetos não é focalizada corretamente na retina, resultando em visão borrada. A miopia, por exemplo, provoca o alongamento do olho, fazendo com que o foco da imagem seja formado antes de chegar à retina, dificultando a visão de objetos distantes. O uso de óculos corrige esses erros refrativos, proporcionando visão nítida e prevenindo efeitos secundários como dor de cabeça e fadiga ocular. 

As mudanças conformacionais do olho estão relacionadas a fatores hereditários e ambientais. Crianças com pais míopes têm maior probabilidade de desenvolver miopia, enquanto fatores ambientais, como exposição à luz solar e redução do tempo em frente a telas, podem modular significativamente a expressão genética, influenciando o desenvolvimento e a progressão da ametropia. Crianças que passam mais tempo em atividades ao ar livre apresentam menor risco de desenvolver miopia. Isso ocorre porque a luz intensa estimula a liberação de dopamina na retina, neurotransmissor que inibe o alongamento ocular.

Portanto, o uso de óculos tem como objetivo corrigir a ametropia e seus efeitos adversos, não prevenindo modificações futuras do grau. As causas do aumento do grau estão relacionadas a fatores genéticos e ambientais, que podem se expressar independentemente do uso da correção. Ou seja, os óculos com lentes convencionais não evitam o aumento do grau, mas sim permitem enxergar corretamente e reduzir os sintomas associados à ametropia, seja ela do tipo que for: miopia, hipermetropia ou astigmatismo.