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O uso excessivo de telas pode levar ao Alzheimer?

O Diário - 6 de maio de 2025

O uso excessivo de telas pode levar ao Alzheimer?

Anna Clara Vitolo T. L. F. Siqueira, estudante do 1º período do curso de Medicina da FACISB, orientada pela profª Adriana Paula Sanchez Schiaveto

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Demência Digital é o nome dado ao comprometimento cognitivo decorrente do uso excessivo de dispositivos eletrônicos. Embora ainda não seja uma doença oficial, segundo artigo científico publicado no Journal of Integrative Neuroscience, denominado “Demência Digital”, a sobrecarga de informações e o uso excessivo de tecnologia podem estar relacionados com um aumento na incidência de demências, inclusive do Alzheimer.

Estudos revelam que a capacidade que o sistema nervoso possui de se adaptar a novas mudanças e condições, chamada de plasticidade neuronal, pode ser prejudicada pelo excesso de estimulação provocado pelo uso inadequado de dispositivos eletrônicos. Além disso, estes estímulos também podem comprometer uma região cerebral chamada hipocampo, responsável pela formação da memória, desencadeando um processo de estresse oxidativo e inflamação neural, que contribuem para a formação das placas beta-amiloides, características do Alzheimer. Dentre outros fatores, o prejuízo do sono aparece como uma das principais formas pelas quais a constante interação com eletrônicos, especialmente antes de dormir, pode levar ao desenvolvimento de demências. Durante o sono profundo, ocorre a “limpeza” de toxinas cerebrais, incluindo aquelas causadoras do Alzheimer. Dessa forma, frente à privação de sono, essas toxinas deixam de ser removidas e, portanto, são acumuladas.

Segundo artigo publicado na revista Science Advances, a prevalência de Alzheimer cresceu em países cujas pessoas apresentam sono de baixa duração, como o Brasil. Esse dado é preocupante, especialmente em um contexto em que o uso excessivo das redes sociais se torna cada vez mais comum, gerando um estado de dependência que dificulta o desligamento das telas no período em que o indivíduo deveria dormir. Assim, à medida que avançamos para um futuro cada vez mais digital, é pertinente questionar: qual será o impacto da tecnologia na saúde das gerações futuras? Essa reflexão pode ser o primeiro passo para a construção de uma sociedade capaz de usufruir das vantagens tecnológicas sem comprometer o equilíbrio cognitivo.