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O Velho e o Mar

O Diário - 15 de abril de 2025

O Velho e o Mar

PROFª ESP. KARLA ARMANI MEDEIROS historiadora, professora de História e titular da cadeira 7 da ABC www.karlaarmani.blogspot.com / @profkarlaarmani

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Acabo de ler “O Velho e o Mar” de Ernest Hemingway e não consigo pensar em outra coisa para escrever neste espaço. Um livro profundamente tocante, que merece ser lido por você, caro leitor, por isso minha intenção é apresentar-lhe essa leitura, enfrentando o desafio de não lhe contar o desfecho da história. 

Era o ano de 1952 quando o escritor norte-americano publicou esse livro que é considerado a sua obra prima. Hemingway, que também é autor do clássico “Por quem os sinos dobram”, viveu momentos épicos morando nos Estados Unidos, Europa e Cuba, em períodos históricos como as duas guerras mundiais e a Guerra Fria. O Velho e o Mar, obra que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1954, foi escrito quando ele morava em Cuba, tanto que a ambientação da obra é na praia de Havana. 

O livro, aparentemente monotemático ao narrar uma história de pescaria, foi escrito numa linguagem simples, acessível e contundente. O personagem central é o velho pescador Santiago, que, ao rumar-se ao mar com sua canoa, passa quatro madrugadas em alto mar ao fisgar o maior peixe de sua vida, o gigante marlim; que de tão grande não cabe dentro da canoa e precisa ser amarrado envolta dela. A aventura está na ida ao mar, na pescaria, na dificuldade em içar o peixe que o leva cada vez mais longe, na fome, nas dores, nos machucados, na solidão, nas conversas com a própria mente, nos ataques e no retorno à costa. A saga de Santiago poderia ser comparada a de um herói mitológico, e é aí que mora a grande reflexão do final do livro: na força.

A obra, que parece ser um texto simples, na verdade descama subtextos que trazem à tona reflexões profundas sobre o valor da luta do ser humano frente ao destino; a sua relação com a natureza; a importância da força, resistência, concentração e experiência; o olhar sobre a velhice; a continuidade do conhecimento por nova geração; a ponte entre a juventude e a maturidade; a chama da vida enquanto se sonha e principalmente o fato do material ser tão diminuto frente à magnitude da luta, do processo, da história vivida. Esses são alguns dos temas içados nas entrelinhas da obra de Hemingway, reflexões que levam o leitor ao alto-mar dos pensamentos. Vale a isca.