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Os 80 anos da Carta da ONU 

O Diário - 3 de setembro de 2025

Os 80 anos da Carta da ONU 

Danilo Pimenta Serrano é advogado e professor universitário

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Há 5 anos escrevi nesse espaço sobre os 75 anos do dia em que representantes de 50 países, reunidos na Califórnia, assinaram a Carta das Nações Unidas, no dia 26 de junho de 1945 – o que seria o embrião da ONU. Neste ano de 2025, a efeméride não teve a repercussão merecida, talvez até pelo fato de a própria ONU estar cada vez menos relevante nesse mundo em desordem. 

Ao menos desde o início de 2003, quando os Estados Unidos atropelaram a ONU ao invadirem o Iraque, o órgão multilateral vem perdendo credibilidade, diante da sua evidente ineficácia na prevenção e solução dos conflitos nesse complexo século XXI. 

Se na última década do século passado a organização viveu sua era dourada, com exitosas ações no Kuwait, Camboja, El Salvador e Guatemala, além da condução de missões de paz na Geórgia, Tajiquistão, Macedônia, Bósnia, Angola, Haiti e República Centro-Africana, nas duas últimas décadas a ONU vem assistindo inerte, como um observador de luxo, as infindáveis guerras no Oriente Médio, o maior conflito armado em solo europeu desde a segunda guerra mundial, o crescimento das tensões geopolíticas na Ásia, e crimes de guerra sendo praticados impunemente por Estados democráticos, no que é, provavelmente, a sua crise mais profunda em 80 anos. 

Criada a partir dos escombros deixados pela Segunda Guerra Mundial, para substituir a fracassada Liga das Nações, a ONU vê a sua credibilidade em frangalhos, e deve, urgentemente, reinventar-se, a começar pela premente reforma e ampliação de seu vetusto Conselho de Segurança, sob pena de caminhar, irreversivelmente, para o mesmo destino de sua predecessora. 

O mundo precisa da ONU, que, as palavras de um ex-secretário-geral, o a instituição “não foi criada para levar a humanidade ao paraíso, e sim para salvá-la do inferno”, referindo-se à possibilidade de uma nova guerra mundial.