Por Pe. Ronaldo José Miguel, Reitor Seminário de Barretos.

A Sagrada Escritura nos revela que os anjos são criaturas espirituais criadas por Deus, mensageiros da sua vontade e servidores de sua glória. Entre eles, a tradição da Igreja Católica nos apresenta os Santos Anjos da Guarda, companheiros fiéis que acompanham cada pessoa em sua peregrinação terrena. Desde a infância até o último instante de vida, os anjos da guarda exercem sua missão silenciosa e eficaz: proteger, iluminar, aconselhar e conduzir a alma ao encontro com Deus. Não agem por si mesmos, mas como reflexo da ternura divina, pois expressam de modo concreto a providência amorosa do Senhor. A Bíblia nos dá testemunho dessa presença protetora. No Êxodo, Deus promete a Israel: “Vou enviar um anjo à tua frente, para que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que preparei” (Ex 23,20). No livro dos Salmos, encontramos a certeza: “O Senhor dará ordens a seus anjos a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos” (Sl 91,11). Jesus mesmo confirma essa realidade quando, ao falar das crianças, diz: “Os seus anjos nos céus veem continuamente a face do meu Pai que está nos céus” (Mt 18,10). Essas passagens mostram que os anjos da guarda não são apenas uma piedosa devoção, mas fazem parte da fé cristã, confirmada pela revelação. A doutrina católica ensina que cada ser humano recebe, desde o nascimento, a companhia de um anjo da guarda. O Catecismo afirma: “Desde o início até a morte, a vida humana é cercada por sua proteção e intercessão. Cada fiel é ladeado por um anjo como protetor e pastor que o conduz à vida” (CIC 336). Santos como Basílio Magno, Jerônimo e Tomás de Aquino refletiram sobre essa presença celeste, reconhecendo nos anjos um auxílio constante contra as tentações e um estímulo para perseverar no bem. A devoção ao Anjo da Guarda é sinal de humildade e confiança. Quando rezamos pedindo sua ajuda, reconhecemos que não estamos sozinhos em nossa luta espiritual. Uma oração simples, como “Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador...”, recorda a proximidade desse amigo celeste e abre nosso coração para sua inspiração. Os anjos da guarda são expressão do amor vigilante de Deus. Eles nos recordam que o céu não é distante, mas caminha conosco em cada passo da vida. Cultivar essa devoção é viver na consciência de que somos acompanhados, defendidos e guiados por mensageiros fiéis, que nos conduzem à comunhão eterna com o Senhor. Assim, ao lembrarmos de nosso Anjo da Guarda, aprendamos a viver com confiança e esperança, sabendo que mesmo nas noites mais escuras há uma luz invisível que vela por nós.