Os falsos pastores humanos são mercenários
Diocese de Barretos - 21 de abril de 2024
Os falsos pastores humanos são mercenários
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(Por: Dom Milton Kenan Jr)
Para entendermos de quem Jesus quer se distinguir, quando diz polemicamente: “Eu sou o bom pastor” e, “Todos quantos vieram antes de mim foram ladrões e salteadores”, é preciso partir de uma página do profeta Ezequiel sobre os pastores de Israel.
O mundo antigo está cheio de pastores: pastores reais, que tornavam este trabalho tão familiar e importante; pastores, além disso, eram chamados os chefes, os reis, os sacerdotes. Mas a que correspondia este título? Ouvindo o profeta Ezequiel: “Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Acaso os pastores não devem apascentar as ovelhas? Vós vos nutris do seu leite, vestis a sua lã e sacrificais os animais gordos, mas não apascentais as ovelhas. A ovelha fraca não fortalecestes, a ovelha doente não curastes, a ovelha quebrada não enfaixastes, a ovelha desgarrada não trouxestes de volta, a ovelha perdida não procurastes e a forte dominastes com dureza. As ovelhas se dispersaram por falta de pastor...” (Ez 34,2b-4); não nos é difícil compreender que ele se refere aos chefes do seu povo.
O profeta fala do modo com que os chefes, os dominadores e poderosos sempre conceberam a sua relação com os seus súditos. Uma relação de dominação e de espoliação: sugar os súditos de tudo o que é possível, como se aproveitar, das pobres ovelhas, o leite, a lã e a carne, e sobretudo dispersas, isto é, divididas entre elas de modo que se possam dominar facilmente com violência e dureza.
No longo discurso sobre o bom pastor, Jesus fala destes falsos pastores humanos, com muita lucidez: são mercenários; a eles não interessam nada as ovelhas, diante do perigo, fogem e deixam que as ovelhas sejam devoradas.
Apesar de todos abusos humanos, Deus nunca renunciou a seu título de pastor, como não renunciou ao título não menos comprometedor de “rei”.
Jesus, ao vir ao mundo, se apresentou como o pastor prometido por Deus com todas as suas características. Ele conhece e ama suas ovelhas; chama-as pelo nome; para ele, elas não são um número, mas pessoas amigas, Ele as apascenta, as defende, dá-lhes – não tira – a vida; procura a que está perdida e a reconduz com festa ao rebanho. Reúne as dispersas. Em outras palavras, é um pastor a serviço do rebanho, até ao ponto de dar a vida por ele.
Debaixo de um pastor desta natureza, não é humilhante ser uma ovelha, mas salvação. Nele todos somos chamados a nos inspirar; todos que temos alguém ao nosso cuidado; nas nossas famílias, comunidades, municípios e Estado. Todos somos chamados a imitar o Bom Pastor, que cuida e dá a vida pelo seu rebanho.
Celebramos neste domingo o Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Peçamos ao Senhor da Messe e pastor do rebanho que não faltem operários na sua messe e pastores para o seu rebanho.