Os Nomes
O Diário - 21 de junho de 2025

Luciano Borges é Doutor em Letras pela Universidade Mackenzie, na área dos estudos discursivos e textuais – literatura, artes e mídias digitais
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Sintaxe de Regência
A regência nominal constitui um dos pilares da norma-padrão da língua portuguesa e exige atenção especial do falante que deseja comunicar-se com precisão e correção. Apesar de não ser abordada com tanta frequência quanto a regência verbal, ela define relações sintáticas fundamentais entre nomes e seus complementos, sendo regida por critérios lexicais e estruturais que escapam à simples intuição. A escolha da preposição adequada decorre, em parte, do uso consagrado pelas fontes normativas e, em parte, da compreensão da função sintática exercida pelos termos na oração.
O conhecimento lexical e o uso de repertórios consagrados são fundamentais para a escolha da preposição exigida pelo nome. A regência de substantivos como “respeito” ou “amor”, por exemplo, exige familiaridade com seu comportamento na norma-padrão: diz respeito “a” alguém e amor “por” alguém. Esses usos não são intercambiáveis, tampouco sempre racionais, pois decorrem de um padrão consagrado historicamente e registrado em gramáticas e dicionários de prestígio. Assim, conhecer e consultar tais fontes é medida necessária para quem deseja empregar a linguagem com rigor e fidelidade às normas.
A análise da estrutura sintática e a identificação do termo regente são etapas determinantes para se estabelecer a preposição exigida. No caso de adjetivos como “favorável” e “inconformado”, a preposição correta depende do valor semântico da relação estabelecida: diz-se favorável “à” proposta, mas inconformado “com” a decisão, e essa diferença decorre do papel que o complemento desempenha na oração. Compreender tais relações é condição para o uso preciso da língua e para a produção de textos coesos e claros. Afinal, no jogo da linguagem, a regência nominal é como a engrenagem oculta de um bom motor: imperceptível à primeira vista, mas essencial para o funcionamento pleno do discurso.
Prof. Luciano Borges é Doutor em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, na área dos estudos discursivos e textuais – literatura, artes e mídias digitais