Os santos anjos: servidores e mensageiros de Deus
Diocese de Barretos - 5 de junho de 2025

Os santos anjos: servidores e mensageiros de Deus
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Por Pe. Ronaldo José Miguel, Reitor Seminário de Barretos.
Atualmente, há uma pluralidade de informações sobre a doutrina dos anjos, muitas das quais são veiculadas nas redes sociais e em outros meios públicos. Além de exageros e imprecisões doutrinais, a maioria dessas informações está contaminada por doutrinas esotéricas, ofuscando cada vez mais o significado original e a doutrina cristã sobre os anjos, conforme encontramos nas Sagradas Escrituras. É preciso ter clareza de que anjos não são homens ou mulheres com asas, tampouco reencarnações ou algum tipo de energia. A palavra “anjo” vem do grego angelos, que serviu para traduzir a palavra hebraica mal’ak, que — de maneira geral — significa "mensageiro". Os anjos são: Filhos de Deus (cf. Jó 1,6; 2,1); Protetores dos homens (cf. Sl 90,11); Habitantes dos céus (cf. Mt 28,2); Seres espirituais por natureza (cf. 1 Rs 22,19-21; Dn 3,86; Hb 1,14); Divididos entre bons e maus (cf. Zc 3,1). Também são mencionados na Bíblia os serafins (cf. Is 6), querubins (cf. Gn 3,24; Ex 25,22; Ez 10,1-20), tronos, dominações, potestades e principados (cf. Cl 1,16), virtudes (cf. Ef 1,21), arcanjos (cf. 1 Ts 4,15-16; Jd 9) e anjos que cuidam dos indivíduos (cf. Tb 5; Sl 90,11; Dn 3,49s; Mt 18,10). Nos Evangelhos, também lemos que eles contemplam o rosto de Deus (cf. Mt 22,30; 18,10), se alegram com a conversão dos pecadores (cf. Lc 15,10) e que levaram o corpo de Lázaro ao seio de Abraão (cf. Lc 16,22). Fundamentada nas Sagradas Escrituras, a Igreja estabeleceu sua doutrina sobre os anjos, conforme aparece no Catecismo da Igreja Católica, número 330, afirmando que os anjos são: “Criaturas puramente espirituais, dotadas de inteligência e vontade; portanto, são criaturas pessoais e imortais, que superam em perfeição todas as criaturas visíveis.” Santo Agostinho foi quem melhor interpretou essa doutrina ao afirmar: “Anjo (mensageiro) é designação de encargo, não de natureza. Se perguntarmos pela designação da natureza, é um espírito; se perguntarmos pelo encargo, é um anjo: espírito por aquilo que é, anjo por aquilo que faz.” (Catecismo da Igreja Católica, 330) Assim, os anjos são verdadeiramente "servidores e mensageiros de Deus", conforme nos revelam as Escrituras. Um bom exemplo é a anunciação do anjo Gabriel à Virgem Maria. Os anjos anunciam a mensagem de Deus, e não o que sai da boca dos homens. A missão dos anjos como mensageiros de Deus está especialmente associada ao tempo da revelação divina, quando ainda não havia ocorrido a plenitude da revelação em Jesus Cristo. Por isso, têm especial importância os arcanjos São Miguel, São Gabriel e São Rafael, antes da encarnação do Verbo. Em Cristo, dá-se a plenitude da revelação da vontade de Deus e de seu mistério. Em Jesus, o próprio Deus anuncia e realiza sua mensagem de salvação.