Ação em Bebedouro investiga contratos fraudulentos com organização social

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (7), a Operação Descalabro, com o objetivo de desarticular um esquema de desvio de recursos públicos da saúde em Bebedouro.

Ao todo, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça Federal, além de ordens de sequestro de bens e valores pertencentes aos investigados.

De acordo com as investigações, o grupo atuava em conluio com agentes públicos. O esquema envolvia uma organização social contratada para gerir recursos da saúde. Essa entidade firmava contratos que somavam mais de R$ 13 milhões com empresas de fachada ligadas aos próprios dirigentes, com a finalidade de desviar os valores. Segundo informação da Polícia Federal, entre um dos investigados está um ex-prefeito de Bebedouro.

A mesma organização também é alvo de apuração do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público de São Paulo.

Os investigados poderão responder pelos crimes de peculato, corrupção, associação criminosa, lavagem de dinheiro e fraudes em licitações. As informações foram divulgadas pela Policia Federal.

CATANDUVA

A reportagem apurou que a operação da Policia Federal  também foi desencadeada na cidade de Catanduva-SP.  A operação investiga suspeitos de integrar esquema criminoso de desvio de recursos públicos destinados à saúde.  Valores desviados seriam destinados à saúde em Bebedouro, onde também foram cumpridos mandados. Esquema utilizava organização social de saúde como gestora dos recursos públicos.

O esquema criminoso utilizava uma Organização Social de Saúde (OS) - Hospital Psiquiátrico, sediada em Catanduva, como gestora dos recursos da área da saúde de unidades hospitalares em Bebedouro.

Após assumir a gestão das unidades hospitalares, a OS teria firmado contratos com empresas de fachada, ligadas a seus próprios dirigentes e sócios, utilizando pessoas para ocultar os beneficiários finais e desviar recursos destinados à rede pública de saúde em proveito dos investigados.

Um dos contratos alcançou o valor de R$ 13,2 milhões. A operação foi determinada pela Justiça Federal de Barretos, que autorizou medidas como busca e apreensão em residências e empresas, sequestro de bens e valores dos supostos envolvidos no esquema.

MANIFESTAÇÃO

Um dos alvos da Operação Descalabro, deflagrada pela Polícia Federal na quinta-feira (7), o ex-prefeito Fernando Galvão se manifestou por meio de nota enviada por seus advogados.

Segundo o comunicado, Fernando Galvão Moura recebeu com surpresa a ação da PF e reforçou que sempre exerceu suas funções — como advogado, professor e gestor público — de maneira ética e transparente. A defesa também afirmou que o ex-prefeito está à disposição das autoridades e classificou a medida como “desnecessária e desproporcional”.

A nota é assinada pelo advogado Rogério Luis Adolfo Cury e outros da Cury & Cury Sociedade de Advogados, que atua na defesa de Galvão.

A operação investiga um esquema de desvio de recursos públicos da área da saúde no município. Foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal.

EXCLARECIMENTO

A Prefeitura Municipal de Bebedouro informou em nota que não é alvo de qualquer investigação por parte da Polícia Federal, tampouco foi objeto das diligências realizadas na manhã de quinta-feira (7/8).

Esclarece ainda que, até o momento, não foi formalmente notificada e não integra o processo investigativo. Segundo informações de conhecimento da Administração, os fatos apurados dizem respeito a uma empresa que, no passado, prestou serviços à Secretaria Municipal de Saúde, mas que, há alguns anos, não mantém qualquer vínculo com o município. "A Prefeitura reforça seu compromisso com a transparência e se coloca à disposição das autoridades para todos os esclarecimentos que se fizerem necessários", encerra a nota.