Esqueci minha senha
Piloto automático mental

O Diário - 13 de julho de 2025

Piloto automático mental

Carlos D. Crepaldi Junior. Advogado especialista em Gestão e Direito de TrânsitoEx-Conselheiro do CETRAN-SP . Diretor da ABATRAN

Compartilhar


Imagine estar ao volante e, de repente, perceber que não se lembra dos últimos quilômetros percorridos. Já aconteceu com você? Se sim, saiba que não está sozinho. Esse fenômeno, chamado de modo automático do cérebro, é um estado em que tarefas são realizadas sem plena consciência, como se estivéssemos no “piloto automático”.

Esse comportamento ocorre muito mais do que se imagina. Quem sai de casa todos os dias e faz sempre o mesmo trajeto provavelmente já chegou ao destino sem se lembrar dos detalhes do caminho. Por vezes, a mente está tão ocupada com outros pensamentos que nem se nota os cruzamentos ou semáforos pelos quais se passou. O cérebro, acostumado à rotina, passa a agir no automático e deixa de prestar atenção aos detalhes. 

No trânsito, esse tipo de distração silenciosa pode ser perigosa. A condução ocorre sem atenção plena, e essa “viagem mental” pode custar caro. Com a atenção reduzida as respostas são mais lentas, potencializando riscos em situações que exigem reação rápida. Essa desatenção ainda se agrava com o uso de tecnologias de condução assistida.

Um estudo realizado pelo Insurance Institute for Highway Safety (IIHS) apontou que, em 20 mil km percorridos, o uso de sistemas como Autopilot da Tesla ou Pilot Assist da Volvo gerou quase 4.000 alertas de atenção aos motoristas, além de identificar distração durante 30% do tempo ao volante.

A tecnologia busca, em regra, aumentar a segurança no trânsito. No entanto, quando mal utilizada, promove distrações e excesso de confiança. Nenhuma tecnologia, por mais avançada que seja, pode substituir a atenção e os cuidados do condutor. A inovação só cumpre seu papel quando acompanhada de consciência e preparo.