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Quando a ansiedade e o estresse precisam de atenção?

O Diário - 14 de novembro de 2025

Quando a ansiedade e o estresse precisam de atenção?

Cibele Malago Nogueira, estudante do 8º período do curso de Medicina da FACISB, orientada pela profª Bábara Sgavioli Massucato

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Ansiedade e estresse são respostas naturais do organismo diante de desafios ou ameaças, mas apresentam diferenças importantes. O estresse é uma reação do corpo a demandas externas ou internas, envolvendo aspectos cognitivos, comportamentais e fisiológicos. Ele prepara o organismo para agir rapidamente, sendo útil até certo limite. Quando esse limite é ultrapassado, pode gerar sintomas desorganizadores e até quadros psicopatológicos, como ansiedade ou depressão. Já a ansiedade é caracterizada pela antecipação de uma ameaça futura, real ou imaginária, levando a sintomas como preocupação excessiva, tensão muscular, palpitação e desconforto abdominal. Em níveis moderados, tanto o estresse quanto a ansiedade podem ser benéficos, aumentando a atenção e o desempenho em situações desafiadoras. 

O estresse geralmente surge em resposta a eventos específicos, como mudanças no trabalho, conflitos interpessoais ou situações de perigo. Sua manifestação depende da percepção individual sobre a capacidade de lidar com essas demandas. Já a ansiedade pode ocorrer mesmo sem um fator desencadeante claro, sendo marcada por preocupação persistente e desproporcional ao risco real. É importante destacar que sintomas de ansiedade e estresse são comuns e fazem parte da experiência humana. Eles só se tornam preocupantes quando são intensos, frequentes e prejudicam a qualidade de vida, podendo evoluir para transtornos como o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). 

Nem todo episódio de estresse ou ansiedade indica a presença de um transtorno mental. Situações cotidianas, como provas, entrevistas ou mudanças de rotina, podem gerar sintomas passageiros que não configuram TAG ou outros transtornos. O TAG é caracterizado por preocupação excessiva e persistente por pelo menos seis meses, acompanhada de sintomas como irritação, insônia e dificuldade de concentração, causando prejuízo significativo na vida do indivíduo. Reconhecer que reações emocionais diante de desafios são normais evita a medicalização desnecessária e o estigma, além de promover estratégias saudáveis de enfrentamento. 

Compreender as diferenças entre ansiedade, estresse e transtornos como o TAG é fundamental para evitar diagnósticos equivocados e promover saúde mental. Sentir ansiedade ou estresse em situações desafiadoras é normal e, muitas vezes, adaptativo. Apenas quando esses sintomas são intensos, persistentes e prejudicam a vida diária é que podem indicar um transtorno, sendo necessária avaliação profissional. Informação clara e acessível é essencial para reduzir o estigma e incentivar o cuidado adequado.