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Rio de Janeiro

O Diário - 30 de outubro de 2025

Rio de Janeiro

Rogério Ferreira da Silva é cirurgião-dentista 

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Cristo está envergonhado de tudo o que tem visto. O Rio de Janeiro não vive uma operação policial, vive uma guerra! Um Estado tentando entrar em seu próprio território e sendo recebido com drones bombas. Se o Estado já não manda no próprio território, quem manda? A maior operação da história do Rio. Blindados, helicópteros, centenas de agentes. Do outro lado, drones com explosivos, comunicação tática e armas que não entram no país sem alguém grande permitir. Isso não é crime desorganizado, é poder organizado, é concorrência de governo. Três pedidos de apoio federal, segundo governador, três recusas. O Rio pediu ação. Brasília respondeu com nota. Enquanto o governo calcula a narrativa, o crime calcula avanço – lembro-me do Ministro da Justiça, hoje Juiz do STF, visitando uma favela. Quem disputa território governa. O Brasil aperfeiçoou um sistema onde o pequeno é punido e o grande é protegido. O garoto da esquina vira estatística. O financiador do crime vira cliente. Aqui o crime tem advogado e a vítima tem medo. E o sistema diz que isso é justiça. A guerra às drogas nunca foi feita para vencer. Foi feita para controlar o caos. E o caos paga bem. Quem domina território domina voto. Quando o crime controla voto, não precisa mais de fuzil. Precisa de político. O crime evoluiu. Tem logística, distribuição, planejamento, suprimento. Usa tecnologia, drones, criptografia, inteligência. No mercado legal vence quem oferece mais. No mercado ilegal vence quem mata mais. A proibição não enfraqueceu o crime, profissionalizou. México, Colômbia, Equador. Todos começaram assim: facções dominando territórios ignorados pelo Estado. Até que o Estado passou a ser ignorado por elas. Primeiro ocupam morros. Depois avenidas. Depois decisões. Narcoestado não nasce de armas, nasce de ausência. Território sem Estado tem dono. Quem lucra com isso? A indústria do medo que fatura o caos. A política que precisa de inimigo para pedir voto, as facções que monetizam desespero. Quanto mais medo, mais controle, quanto mais controle, mais poder. O crime avança com explosivos e a orientação oficial para a população é paciência. Ninguém pede paciência quando está no comando, só quando está rendido. O problema no Brasil nunca foram as drogas, foram os covardes. Autoridades com opinião, facções com ação. Governantes com discurso, criminosos com território. Segurança não é frase, é presença. O governo federal recusou apoio a maior operação já registrada, negou blindado, negou equipamento, negou presença. Quando o Estado tem medo do desgaste, o crime não precisa nem de força. Só precisa esperar. Países que enfrentaram quartéis entenderam uma coisa: a hesitação custa território. Enquanto eles reforçam fronteiras, inteligência e leis duras, o Brasil debate hashtags. Quem tem pressa governa e o crime tem pressa. O Rio não pediu opinião, pediu Estado. Força não é abuso, força é o que impede o abuso de existir. Neutralidade não salva, neutralidade entrega e a omissão também é escolha. O Brasil não está perdendo para o crime, está perdendo para a própria covardia. Quando o Estado precisa pedir licença para entrar no próprio território, ele já perdeu o governo. O Rio não é exceção, é aviso. Se nada mudar agora, não será operação, será rendição. Se isso te indignou, não guarde para você. Indignação silenciosa não muda país. Envia para quem ainda acha que “é só uma operaçãozinha” e comente a sua opinião. Se a gente não falar sobre isso, o próximo território a ser tomado não será o Rio. Será o nosso silêncio.