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Rose Abrão: o pai dos violeiros

O Diário - 12 de abril de 2025

Rose Abrão: o pai dos violeiros

Marcelo Murta

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A música sertaneja raiz tem na poesia a simplicidade dos povos da zona rural. Ela inspira a complexidade de harmonias em violas bem ponteadas. Nas melodias podemos sentir o cheiro do pó do estradão, da terra molhada e do boi na invernada. São histórias cantadas que registram o estilo de vida e a saga do peão da fazenda. Ouvindo composições caipiras imaginamos os sons dos rios e o silêncio do vento nas lavouras. Registro poético de boas lembranças. “Quando passo em Barretos eu faço meu paradeiro/Na casa do Rose Abrão meu amigo e companheiro/Que é por todos conhecidos o Padrinho dos Violeiros aiaiai”. Estes versos de Ronaldo Viola e João Carvalho da famosa "Sobrado da Alegria" é uma homenagem ao “padrinho” Tio Rose. Homem do sorriso fácil, da fala mansa e coração gigante. Na verdade, um pai para os artistas sertanejos. Sua residência estava sempre aberta para acolher estrelas de passagem por Barretos. Famosos ou ainda não. Na cozinha, Roberta Marcinho, possuía mãos de anjo nas providências de iguarias saborosas no fogão a lenha. Unidos pelo gosto comum da boêmia musical, Bezerrão, amigo do Rose, era uma espécie de anfitrião do local. Palco de encontros improváveis com o universo conspirando em unir gênios do cancioneiro popular. Tive o privilégio de aplaudir Tião Carreiro tocando com Almir Sater, numa madrugada inesquecível.  Rose Abrão virou nome do Festival Violeira. Sua saga está impressa no livro " Esta casa tem História" de Leila Abrão Campos. O sobrado na frente da Praça Santa Helena virou pó. Mas nas noites de Lua cheia no alto da rua 30 com a av. 47,  no jardim, ainda dá para se ouvir os acordes da saudade. Abraços Cavalares.