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Sacadura Cabral e Gago Coutinho, 100 anos depois

karla-armani-medeiros - 19 de abril de 2022

Sacadura Cabral e Gago Coutinho, 100 anos depois

Sacadura Cabral e Gago Coutinho, 100 anos depois

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Desde que nasci, até pouco mais de vinte anos, residi à avenida Sacadura Cabral (zero um), no Bairro América. Em minha mente de criança passavam malucas hipóteses quanto a este nome. Mal podia imaginar que minha rua homenageava um homem tido como herói, um aeronauta! Que, junto a Gago Coutinho, o nome da rua de cima (zero três), atravessou, pela primeira vez, o Atlântico Sul em um hidroavião.

 


A aventura de Artur de Sacadura Freire Cabral (1881-1924) e Carlos Viegas Gago Coutinho (1869-1959) completa em 2022 cem anos! Era 30 de março de 1922, quando os dois aeronautas portugueses decolaram no hidroavião Lusitânia, de Lisboa com destino ao Rio de Janeiro, com o objetivo de realizar a primeira travessia aérea do Atlântico Sul. A viagem não foi fácil e diante algumas dificuldades, acidentes e escalas na Europa, ilhas do Atlântico e Brasil, o Lusitânia teve de ser substituído pelo hidroavião Pátria e depois pelo Santa Cruz na Ilha de Fernando de Noronha. Sacadura Cabral como piloto e Gago Coutinho como navegador chegaram à capital do Brasil no dia 17 de junho de 1922. Apesar dos 79 dias de viagem, o percurso aéreo durou 62h29m.

 


Quando chegaram às cidades brasileiras, a viagem se tornou uma verdadeira efeméride, afinal foram recepcionados pelas autoridades e pelo povo de forma gloriosa. A revista paulista A Cigarra, por exemplo, enalteceu o feito como luso-brasileiro: "Gago Coutinho e Sacadura Cabral representam para nós, neste momento, o Portugal amado, do qual herdamos o sangue, a língua meiga, a final sensibilidade, a ternura e as glorias". Interessante notar que essa viagem acontecia no contexto preparatório às comemorações do centenário da Independência do Brasil. (Curioso, não?).

 


Como não podia ser diferente, Barretos também comemorou a conquista dos aeronautas portugueses com festejos e grande entusiasmo em 1922. Anos depois, a cidade nomeou duas avenidas para homenageá-los (justamente aquela onde viveu uma menina curiosa que nem imaginava que Sacadura podia ser um herói dos ares).