Por Pe. Ronaldo José Miguel, Reitor Seminário de Barretos.

A história da Igreja no início do século XX foi marcada por um homem de coração simples, mas de fé inabalável: São Pio X, o Papa que ficou conhecido como o “Papa da Eucaristia”. Sua vida e pontificado foram um testemunho de humildade, amor pastoral e firmeza na defesa da fé. Giuseppe Melchiorre Sarto nasceu em 2 de junho de 1835, na pequena aldeia de Riese, no norte da Itália. Filho de um carteiro e de uma costureira, cresceu em meio à simplicidade e à pobreza, mas desde cedo revelou grande inteligência e uma profunda vida de oração. Aos 23 anos, foi ordenado sacerdote e iniciou um ministério pastoral marcado pela proximidade com o povo, pelo zelo catequético e pela atenção aos pobres. Passou por diversas missões como pároco, diretor espiritual e bispo, sempre com o coração voltado para a santificação do povo. Em 1893, tornou-se Patriarca de Veneza, e sua fama de pastor dedicado se espalhou por toda a Itália. Em 1903, após a morte do Papa Leão XIII, foi eleito Papa, assumindo o nome de Pio X. São Pio X é lembrado especialmente por suas reformas na prática sacramental da Igreja. Ele incentivou a comunhão frequente, não mais reservada a ocasiões raras. A comunhão das crianças, permitindo que recebessem a Eucaristia a partir da “idade da razão” (cerca de 7 anos). A promoção da catequese, para que o povo conhecesse e amasse a fé. Ele dizia que “a Sagrada Comunhão é o caminho mais curto e seguro para o céu.” O início do século XX foi marcado por correntes teológicas que ameaçavam enfraquecer a doutrina católica. São Pio X enfrentou o modernismo, que ele chamou de “a síntese de todas as heresias”. Com firmeza, orientou a Igreja a permanecer fiel ao depósito da fé, sem ceder a modismos doutrinários. Ao mesmo tempo, reformou o Diretório Litúrgico, incentivou o canto gregoriano, atualizou o Diretório do Clero e iniciou a codificação do Código de Direito Canônico, que seria concluída após sua morte. Mesmo como Papa, São Pio X manteve hábitos simples: recusava-se a fazer gastos supérfluos, vestia roupas remendadas e mantinha a porta aberta para receber qualquer fiel. Foi um verdadeiro pai para pobres e doentes, auxiliando-os pessoalmente. Faleceu em 20 de agosto de 1914, pouco após o início da Primeira Guerra Mundial, profundamente entristecido com o conflito. Sua fama de santidade espalhou-se rapidamente, e foi canonizado em 1954 por Pio XII. O lema de seu pontificado, “Restaurar todas as coisas em Cristo”, continua sendo um chamado atual: voltar ao essencial, colocar Jesus no centro da vida e da missão da Igreja.