Esqueci minha senha
Scylla, dentro de Deus

O Diário - 17 de junho de 2025

Scylla, dentro de Deus

PROFª ESP. KARLA ARMANI MEDEIROS, historiadora, professora de História e titular da cadeira 7 da ABC – www.karlaarmani.blogspot.com / @profkarlaarmani

Compartilhar


Scylla é um nome único, cuja pronúncia é delicadamente leve por um lado e forte por outro. A grafia é ainda mais bela, pois sua origem vem da Odisseia de Homero, dos tempos da Grécia clássica. A antiguidade do nome é revelada sobretudo pela firme união do “s” e “c”, a delicadeza do “y” e a letra “l” dobrada. Todas as consoantes parecem se juntar para anunciar a vogal “a” que finaliza o harmônico som do conjunto. 

Por mais bonita que seja essa origem clássica, a verdade é que ela tinha que se chamar “Scylla” porque “Deus é bom”. Ela era o “s” do final de “Deus”. Scylla era a quarta filha do casal Antenor Duarte Vilela e Ruth Vieira Vilela, e sua mãe, como mineira tradicional, nomeava seus filhos de modo a formar o acróstico “Deus é bom”. E foi assim que nasceu Scylla, como a quarta letra, para ainda ocupar o espaço dentro de Deus.

E dessa maneira foi por toda a vida, de 23 de novembro de 1923 a 14 de junho de 2025, sempre com Deus à frente dos seus propósitos, pensamentos e ações. Talvez seja por isso que a ela foi dado o privilégio de viver por 101 anos, dentro dos quais foi edificada uma obra que alcançou a vida de milhares de pessoas e segue eternizada ao futuro pelas novas gerações. 

Essas linhas, portanto, não se referem apenas a uma mulher centenária, o que já é raro na vida humana, mas a uma médica cristã que por meio da sua fé, de seus estudos e de seu trabalho criou e sustentou um legado de vidas (no plural). Um legado que salva vidas. Todos a conhecem como a “doutora Scylla Duarte Prata”, a médica que ao lado de seu marido, o dr. Paulo Prata, fundou o Hospital de Amor em 1962 e lá trabalhou diariamente por mais de 50 anos. Para além disso, todos deveriam conhecer que a sustentação de toda essa vida se deu pelo profundo compromisso que ela nutria com Deus, à paixão pelos estudos da medicina desde menina e à devoção ao trabalho.

Foi pela união desses pilares que ela se tornou pioneira em práticas médicas de prevenção e clínica, referência em gestão responsável e ícone para toda a comunidade. Sem, porém, deixar de lado a ternura de ser mãe, avó, bisavó e esposa amorosa. Scylla, que de forma serena se foi, tornou-se história ainda em vida. Sempre assim: dentro de Deus.