Serei o amor
Diocese de Barretos - 18 de outubro de 2025

Serei o amor
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Por Diác. Matheus Flávio, São Gabriel Arcanjo, Jaborandi-SP
Continuando a leitura da exortação apostólica do Papa Francisco sobre a confiança no amor misericordioso de Deus por ocasião dos 150 anos do nascimento de Santa Teresinha (celebrados no ano passado), hoje chegamos ao terceiro tópico. O itinerário espiritual de Santa Teresinha culmina na descoberta e vivência da caridade, entendida como o centro e a plenitude da vida cristã. Inspirada em São Paulo (cf. 1Cor 13,8-13), ela reconhece que “a caridade nunca acabará” e que é o dom supremo do Espírito Santo, mãe e raiz de todas as virtudes. A História de uma alma é, portanto, um testemunho de amor, no qual Teresa comenta com a própria vida o mandamento de Jesus: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 15,12). A Santa compreende que Jesus tem sede do amor humano e deseja ser amado em resposta ao amor que oferece; por isso, ela decide “pagar amor com amor”, oferecendo-se inteiramente a Ele. O amor de Teresinha assume uma dimensão profundamente pessoal e esponsal: vê-se amada por Jesus “como se fosse a única no mundo”. Essa experiência íntima leva-a a repetir incessantemente o ato de amor – “Jesus, amo-Te” – como respiração constante da alma. Assim, mergulha nos mistérios do Evangelho, participando espiritualmente da vida de Cristo e contemplando a misericórdia do Seu Coração. A exemplo de Maria Madalena, ela descobre que o amor misericordioso de Jesus é mais forte do que o pecado e eleva a alma às alturas da contemplação. Esse amor, porém, manifesta-se na simplicidade do cotidiano. No seu “Oferecimento ao Amor Misericordioso”, Teresinha entrega-se como vítima ao amor divino, recebendo, sem fenômenos extraordinários, uma inundação interior de graça. Vive a caridade nas pequenas coisas, aprendendo com a Virgem Maria que “amar é tudo dar e dar-se a si mesmo”. Ao contemplar Maria na humildade de Nazaré, ensina que a verdadeira grandeza está na pequenez, na fé pura e na confiança silenciosa. O auge dessa experiência é a sua descoberta do “coração da Igreja”. Lendo as cartas paulinas, Teresa compreende que, no Corpo Místico, o amor é o que dá vida a todos os membros: “Compreendi que a Igreja tem um coração, e que esse coração arde de amor... No coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o amor”. Nessa frase resume-se toda a sua vocação e espiritualidade. Por fim, sua caridade ultrapassa a morte: promete “passar o Céu fazendo o bem sobre a terra”, derramando uma “chuva de rosas”. Assim, o seu caminho espiritual fecha-se num círculo de confiança e amor – “C’est la confiance” –, onde a fé torna-se entrega confiante e o amor se expande como dom universal. Em última análise, “conta só o amor”, fonte e síntese de toda santidade.