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Sobre Ranulpho Prata

O Diário - 10 de junho de 2025

Sobre Ranulpho Prata

PROFª ESP. KARLA ARMANI MEDEIROS, historiadora, professora de História e titular da cadeira 7 da ABC – www.karlaarmani.blogspot.com / @profkarlaarmani

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Doutor Paulo Prata, até mesmo as gerações mais jovens sabem quem foi esse médico humanista, o fundador do Hospital de Amor.  Ele viveu em Barretos de 1959 até seu falecimento no ano de 1997, e, nestes quase quarenta anos na cidade, seu trabalho frente ao atendimento público de qualidade no antigo Hospital de Câncer deixou um legado que será proveitoso às sucessivas gerações. A obra de Paulo Prata é eterna.

O que poucos sabem é que a trajetória do dr. Paulo tem como base a sua origem familiar, um DNA que há gerações se dedica à saúde. Paulo é filho da professora Maria da Glória Brandão Prata e do médico Ranulpho Prata. E é sobre Ranulpho que precisamos falar, pois, no dia 3 de junho, a Santa Casa de Santos reinaugurou o setor de radiologia dando-lhe o nome de “Serviço de Radiologia Dr. Ranulpho Hora Prata”.  Com a presença da família Prata de Barretos, o ato solene trouxe à tona o nome e a obra do médico.

Ranulpho iniciou o curso de medicina na Faculdade de Medicina da Bahia e o concluiu em 1919 na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Já casado e pai, de 1927 até a sua morte em 1942, ele atuou no setor de radiologia da Santa Casa de Santos, inclusive como chefe do departamento, sendo responsável pelo Gabinete de Raio-X e Eletricidade Médica; tecnologias inovadoras à época. A atuação do médico foi tão importante que, dois meses antes de seu falecimento (na noite de natal), em 3 de outubro de 1942, ele foi escolhido para discursar em ato solene transmitido pelo programa “A Hora do Brasil” como forma de agradecimento ao presidente Getúlio Vargas pelo auxílio federal concedido à construção do novo hospital (o qual Ranulpho não viu inaugurar, mas que seu filho acompanhou). Interessante é que o dr. Paulo, como médico formado pela USP, também trabalhou na Santa Casa de Santos no início dos anos 1950.

Ranulpho certamente foi escolhido orador do ato não só por sua excelência médica, mas por ser exímio escritor. Ele foi autor de diversas obras, dentre elas “Navios Iluminados” escrita em 1937 sobre os migrantes nordestinos que aportavam em Santos e suas sofridas passagens. Seu consultório era para além da radiologia, era um campo de estudo social e humano. Valeu a homenagem, valeu a história!