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Sufixos e Desinências

O Diário - 8 de novembro de 2025

Sufixos e Desinências

Luciano Borges é Doutor em Letras pela Universidade Mackenzie

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Elementos morfológicos

A estrutura das palavras, com seus elementos mórficos, permite que a língua portuguesa crie novas palavras ou apenas as adapte aos contextos de uso. Um olhar aprofundado sobre os elementos colocados após o radical – um campo frequentemente estudado pela Morfologia – revela uma distinção funcional muito importante: o sufixo tem poder de criação, transformando a palavra-base; já a desinência se limita à flexão. Assim, o estudo da desinência concentra-se em garantir a correta concordância dos termos, enquanto o sufixo alarga o vocabulário, conferindo novos sentidos.

A primeira distinção reside na capacidade de criação lexical versus a função flexional. Os sufixos são terminações que, ao se juntarem ao radical, formam novas palavras, expandindo o léxico. Em “livreiro”, o sufixo “eiro” forma o substantivo a partir de livro; em “felizmente”, o sufixo “mente” converte o adjetivo “feliz” em advérbio. Essa capacidade de gerar novas palavras mostra que os sufixos não apenas enriquecem a língua, mas também expressam sutis variações de sentido. Cada sufixo acrescentado é uma escolha expressiva, um modo de traduzir o pensamento com mais precisão e variedade.

As desinências, por sua vez, cumprem função diversa: indicam relações gramaticais e asseguram a coerência estrutural da frase. Em “cantamos”, a desinência “mos” marca a primeira pessoa do plural; em “meninas”, o “s” indica o plural e estabelece a concordância com o verbo ou o adjetivo que o acompanha. Elas não criam novas palavras, mas mantêm o equilíbrio formal do enunciado. Portanto, a diferença entre um sufixo (elemento de criação e sentido) e uma desinência (elemento de flexão e concordância) demonstra a precisão e a riqueza da língua.

Luciano Borges é Doutor em Letras pela Universidade Mackenzie