Na última semana, partiu Tia Neide. Filha de Joaquim do ferro velho e de dona Francisca Oliveira Pereira, irmã da Tia Idalina, que foi esposa do Tio Sebastião Monteiro de Barros. Mulher firme, afetuosa e presente, foi mãe do Rogério e do Fabinho, que perdemos na pandemia. Sua ausência agora abre uma janela de lembranças profundas e gratas.

Meus avós João e Inês tiveram seis filhos: Maria Aparecida, José Ubirajara, Sebastião, Paulo, Antonio Pitágoras e meu pai João. Cada um formou sua família, e cresci cercado de primos, tios e uma convivência rara. Com os filhos da Tia Ida — Caio e Silvinha —, a ligação sempre foi forte. Também com os filhos dos irmãos dela: Marisinha, filha dos meus padrinhos Tio Antônio e Tia Vilma, e os queridos Fernando, Mônica e Clóvis, filhos da Tia Geni com o Tio Paiva. Com Rogerinho e Fabinho, filhos da Tia Neide, joguei bola, ri, cresci.

A morte precoce de meu avô uniu ainda mais a família na casa da vó Inês, na Rua 30. Aquela casa foi nosso centro de afeto, nossas tardes de futebol, nossos carnavais improvisados. Foi ali que aprendemos a ser família — no sentido mais bonito da palavra.

Tia Neide viveu seus últimos anos em uma casa de repouso. Em uma das minhas últimas visitas, fui com a Silvinha. Ao chegar, ela me chamou para conhecer sua colega de quarto, que vivia dizendo: “Vou chamar o Monteiro Neto pra resolver isso.” Entrei, cumprimentei, me emocionei. A vida tem dessas surpresas delicadas. Voltei outras vezes, mas o carinho que recebi superou em muito o que pude oferecer.

Hoje, penso que poderia ter estado mais presente. Mas o que me consola é o amor que fica. A memória viva de uma tia que me acolheu com ternura e que sempre esteve por perto, nos momentos simples, nos almoços de família, nos encontros de domingo.

Rogo a Deus por sua alma e agradeço por tudo o que ela representou em minha vida. Que descanse em paz, Tia Neide. O seu carinho e sua presença vivem em mim.