Por Padre Pedro Lopes - Vigário Paroquial São Miguel Arcanjo – Miguelópolis-SP

Na passagem do Evangelho de Lucas (11,15-26) nos apresenta Jesus expulsando um demônio, enquanto alguns o acusam de agir pelo próprio poder do mal. Diante dessa incompreensão, Ele responde: “Todo reino dividido contra si mesmo será destruído”. Essa afirmação simples, mas profunda, nos ensina que a unidade gera força, enquanto a divisão inevitavelmente conduz à ruína. Essa cena nos convida a refletir sobre a vida interior de cada um de nós. Não são raros os momentos em que enfrentamos divisões internas, lutas silenciosas, tentações que nos afastam de Deus e conflitos de interesse que fragilizam nossas escolhas. A palavra de Jesus mostra que a vitória sobre o mal não acontece por nossas próprias forças, mas quando permanecemos unidos a Cristo. Somente vivendo na coerência da fé e na fidelidade ao Senhor é que encontramos equilíbrio, paz e verdadeira libertação. Jesus também nos adverte que a conversão precisa ser profunda e constante. Não basta apenas expulsar o mal, afastando aquilo que nos machuca ou destrói. É necessário preencher o coração com a presença de Deus, para que o vazio não seja novamente ocupado pelas forças que nos afastam do bem. Por isso, a vida espiritual não pode se resumir a momentos isolados, mas deve ser cultivada diariamente, através da oração sincera, da escuta da Palavra, da prática da caridade e da vivência integral dos Sacramentos. Esse ensinamento é muito atual. Quantas vezes nos deparamos com divisões nas famílias, nas comunidades, na sociedade e até mesmo dentro da Igreja? O Evangelho nos recorda que a força do discípulo está na unidade: unidade com Cristo e unidade com os irmãos. Onde há divisão, abre-se espaço para o inimigo agir; onde há comunhão, o Espírito Santo age e faz florescer os frutos do Reino. Que este dia e esse propósito nos inspire a viver com vigilância e fidelidade, não nos deixando enganar por falsas seguranças. Que possamos entregar cada fraqueza ao Senhor, permitindo que o Espírito Santo transforme nossas feridas em sinais de esperança. Assim, seremos instrumentos de paz e de reconciliação, testemunhas vivas de que o Reino de Deus já está em nosso meio.