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Trânsito violento. De quem é a culpa? 

O Diário - 10 de fevereiro de 2024

Trânsito violento. De quem é a culpa? 

Carlos D. Crepaldi Junior Advogado especialista em Gestão e Direito de Trânsito Auditor ISO-39001 Ex-Conselheiro do CETRAN-SP

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É extremamente comum lermos, diariamente, matérias que trazem informações sobre como o trânsito no Brasil é violento. Ao analisar as matérias é possível identificar que, na grande maioria das vezes, a responsabilidade pela violência é atribuída ao condutor.

Na maior parte das matérias, as soluções e ferramentas para um trânsito mais seguro passam pelo aumento na fiscalização, educação e cultura do cidadão. Mas será mesmo que o trânsito no nosso país é violento somente porque o condutor traz consigo a cultura de não respeitar as normas? 

Uma das poucas coisas que efetivamente funciona no país é a aplicação e arrecadação de multas de trânsito. Ao analisar os dados fornecidos pela Secretaria Nacional de Trânsito, vê-se que de 2022 para 2023 houve aumento de quase 87% nas aplicações de multas, o que deveria ser suficiente para redução no índice de acidentes no trânsito.  

Entretanto, pelos dados oficiais, mortes e acidentes não tem diminuído, pelo contrário. A atribuição da culpa pelos acidentes acaba relacionada exclusivamente ao condutor porque o atendimento de ocorrências sem morte não é realizado por perito especializado, gerando essa falsa impressão.

Entretanto, ao analisar somente sob essa ótica, deixa-se de lado a responsabilidade pública que contribui significativamente para os índices atuais. Para um trânsito seguro o primeiro passo deve ser existir uma infraestrutura adequada, no entanto pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Transportes apontou que quase 70% das rodovias no país são regulares, ruins ou péssimas.

E mais, para esse ano os investimentos em infraestrutura sofreram redução de 4.5% em relação ao ano passado, o que comprova claramente que o intuito dos governantes não é salvar vidas e promover um trânsito seguro, mas sim garantir arrecadação, a qual historicamente não é revertida em prol da segurança viária. 

Afinal, em via esburacada e não sinalizada, não há vida salva!