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“Transtorno virou ´´trend´´: Por que não conseguimos mais pensar ?”

O Diário - 22 de julho de 2025

“Transtorno virou ´´trend´´: Por que não conseguimos mais pensar ?”

Lorena Costa Lourençon, estudante do 1° período do curso de Medicina da Facisb, orientada pela profª Luciana Areias Surian

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Você já sentiu a mente cansada após passar horas rolando nas redes sociais? Percebe dificuldades de concentração e ansiedade fora das telas? A psiquiatria explica e alerta sobre esse fenômeno. A palavra do ano escolhida pelo dicionário da Oxford no final de 2024 foi “Brain Rot”, que significa “apodrecimento cerebral”, esse termo associa a deterioração mental à exposição contínua às redes sociais e conteúdo fútil, tal impacto é resultado da hiperestimulação da dopamina, o neurotransmissor que gera prazer, liberado durante o uso da internet. Entretanto, psiquiatra Juliana Diniz explica que o Brain Rot vai muito além disso, ele se trata de uma forma de esvaziamento de como a gente sente e enxerga as coisas, porque a constante exposição à vídeos curtos e discursos rasos dificulta a elaboração emocional profunda. Além disso, argumenta também que isso é agravado à medida que as pessoas espetacularizam e banalizam o sofrimento psíquico na internet, como foi visto na trend do tik tok do “Chá Revelação ao Transtorno”, em que a divulgação de diagnósticos é performatizada, como se fossem marcos comemorativos. Como resultado do tipo de conteúdo consumido em excesso, o cérebro é treinado para curtos períodos do foco, portanto a atenção é dificultada e a memória e pensamentos críticos e singulares não são consolidados, e com o superestímulo digital, a tolerância ao tédio é perdida.Desse modo, o ponto de vista da especialista não é em sentido neurológico literal, o cérebro não adoece como uma máquina quebrada, mas entra em colapso simbólico: perde a capacidade de sentir, refletir e sustentar relações afetivas consistentes. Para evitar esses danos, a recomendação é: Reconhecer os conteúdos que consumimos na internet e como isso nos afeta; Cultivar momentos de silêncio, leituras e práticas que estimulam a elaboração emocional, como psicoterapia, meditação, e quando for preciso, buscar ajuda médica, se blindando contra autodiagnósticos via rede social. Assim, desfazendo o achatamento emocional provocado por esse hábito, que apesar de normalizado, está fora de controle e tem causado prejuízos.