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Turismo instagramável 

danilo-pimenta-serrano - 16 de fevereiro de 2024

Turismo instagramável 

Danilo Pimenta Serrano é advogado e professor universitário

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Já há alguns anos muitas pessoas têm buscado tornar seus momentos de lazer, ou mesmo rotinas cotidianas, cada vez mais “instagramáveis”. Esse neologismo surgiu para designar lugares e situações esteticamente atraentes, que chamam a atenção das pessoas nas redes sociais, notadamente no Instagram, que emprestou seu nome ao fenômeno. 

Não há nada errado em tirar fotos, especialmente em viagens, pois, afinal de contas, sempre fizemos isso, desde a popularização das câmeras fotográficas. Esse é um costume, ou um hobby, extremamente saudável, que ajuda a eternizar os momentos felizes vividos por nós.

Entretanto, o que tem ocorrido de alguns anos para cá, é que parece que algumas pessoas passaram a viajar apenas para fotografar, sem se preocupar em viver ou contemplar, ainda que minimamente, o destino da viagem. A estética tem preponderado sobre as experiências. E não falo, obviamente, de fotógrafos profissionais, que são verdadeiros artistas, como, p. ex., o mineiro Sebastião Salgado, falo daquele jovem turista que viaja apenas para “postar no Instagram”, e chega a um destino apenas dar “check” nos pontos “instagramáveis” da moda, sem verdadeiramente experimentá-lo, sem construir memórias, vendo-o apenas pela tela do celular. 

E para além dos evidentes prejuízos pessoais que a pessoa terá, ao perder a chance de realmente vivenciar – ainda que por poucos dias – o destino, esse tipo de turista muitas vezes tem danificado a flora, perturbado a fauna, e destruído objetos artísticos ou históricos na tentativa de obter, ou replicar, uma foto “instagramável”, na busca de “likes” nas redes sociais. 

Viajar é uma das experiências mais enriquecedoras que existem, e dificilmente a pessoa que retorna de uma viagem é aquela mesma que partiu dias ou semanas antes. Viajar é contemplar o mundo, abre e areja a mente, expande horizontes, derruba preconceitos, e proporciona experiências únicas. É triste ver que essas oportunidades têm sido desperdiçadas na vã busca de “likes”.