Vem aí o ano novo litúrgico
Diocese de Barretos - 25 de novembro de 2025
Vem aí o ano novo litúrgico
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Por Pe. Matheus Silva, Vigário São João Batista, Olímpia-SP
À medida que nos aproximamos de um novo Ano Litúrgico, somos convidados a renovar não apenas o calendário da fé, mas o próprio olhar com que contemplamos o mistério de Deus. Entraremos no Ano A no próximo domingo, um tempo guiado pela voz serena e firme do Evangelista Mateus, cuja narrativa nos conduz a um encontro profundo com a identidade de Jesus Cristo. É um momento de graça, de recomeço espiritual, de abertura interior para que a Palavra molde, cure e direcione nossa caminhada. Não podemos simplesmente “passar” por mais um ciclo litúrgico. Cada ano litúrgico é um dom que não retorna; é uma oportunidade de mergulho, de conversão e de amadurecimento na fé. Por isso, é vital que não desperdicemos o que Deus nos oferece. O Ano A será especialmente precioso, porque Mateus nos apresenta Jesus como o Messias esperado, o Filho de Deus que cumpre as promessas do Antigo Testamento e traz à humanidade a plenitude do Reino. Ao longo dos Evangelhos proclamados nas celebrações, Mateus revela um Cristo que ensina com autoridade, que cura com compaixão, que desafia com amor, que chama para a santidade e que aponta sempre para o Pai. Mergulhar nesse ano litúrgico significa permitir que cada missa, cada domingo, cada solenidade e cada tempo forte penetrem nosso coração. Não basta ouvir de forma distraída; é preciso escutar com a alma, deixar a Palavra tocar nossas feridas, iluminar nossas decisões e reorganizar nossas prioridades. Mateus nos mostrará um Jesus mestre, que sobe à montanha para ensinar; um Jesus profeta, que denuncia hipocrisias com clareza e misericórdia; um Jesus pastor, que busca os que se perderam; um Jesus rei, que reina não por poder, mas por serviço. Ao vivermos intensamente as celebrações deste novo ano, aprenderemos com Mateus que Jesus é o Emmanuel — “Deus conosco” — presente no cotidiano, nas pequenas decisões, no silêncio da oração e na comunhão da Igreja. Ele é o Mestre que nos dá o Sermão da Montanha como mapa para uma vida santa; é o Senhor que nos convida a construir a casa sobre a rocha; é o Juiz misericordioso que nos recorda que o critério final será sempre o amor: “Tive fome e me deste de comer”. Cada celebração será como uma nova página desse Evangelho vivo. E cada página trará um convite: aproximar-nos mais de Cristo, moldar nossa vida segundo o Reino, deixar que a liturgia transforme nossa maneira de ver o mundo e de servir ao próximo. O Ano A é um caminho de discipulado. E discipulado exige entrega, escuta e constância. Que não deixemos esse ano passar como tantos dias que se esvaem sem deixar rastros. Que este seja um tempo fecundo, em que a Palavra proclamada nas liturgias se converta em vida dentro de nós. Assim, entraremos neste novo ano litúrgico não como espectadores, mas como discípulos que desejam crescer, aprender e amar mais profundamente.



