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Vitamina D e hipercalcemia: riscos da auto-suplementação 

O Diário - 21 de abril de 2024

Vitamina D e hipercalcemia: riscos da auto-suplementação 

Beatriz Belório Lossila, estudante do 3º período do curso de Medicina, orientada pelo prof. Eduardo Marcelo Cândido

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A vitamina D pode ser ingerida por meio de alimentos como carnes, frutos do mar, leite e ovos ou  pode ser sintetizada na pele a partir do colesterol. Essa síntese ocorre por meio de processos fotossintéticos, que dependem de raios ultravioleta B para formar o colecalciferol (ou vitamina D3), por isso a importância da exposição à luz solar. Depois de sua síntese, o colecalciferol será metabolizado em 1,25-di-hidroxicolecalciferol, sua forma ativa. Esse nutriente possui funções relacionadas à absorção de cálcio, à imunidade e ao sistema digestório.

Uma alimentação equilibrada normalmente fornece as quantidades necessárias de vitaminas para o nosso organismo; no entanto, no mundo atual, a exposição ao sol e consequentemente a absorção do colecalciferol diminuem cada vez mais. Portanto, algumas pessoas ficam com os níveis da vitamina abaixo do normal e precisam de suplementação. Contudo, pelo conhecido efeito benéfico que as vitaminas exercem na saúde, muitas pessoas realizam a suplementação sem acompanhamento médico e, muitas vezes, sem necessidade. 

A suplementação exagerada e/ou sem necessidade de vitamina D aumenta a captação no intestino, reabsorção renal e óssea de cálcio, levando ao aumento da concentração do mesmo no sangue, a hipercalcemia. A hipercalcemia derivada de toxicidade de vitamina D provoca sintomas que variam de leves, como aumento da sede e poliúria (quantidades excessivas de urina), até graves, como convulsões e até morte, conforme aconteceu com David Mirchener, um senhor de 89 anos do Reino Unido que tomava suplementos de vitamina D há nove meses, quando deu entrada em um hospital no dia 10 de maio de 2023 com os níveis de cálcio no sangue mais altos que o laboratório já registrou. Dez dias depois, David faleceu devido insuficiência dos rins e coração, causadas pela hipercalcemia. 

Portanto, torna-se evidente a necessidade de um acompanhamento médico, assim como exames regulares de sangue para controlar os níveis dessa e de outras vitaminas no plasma, para evitar suplementações desnecessárias, que podem causar toxicidade, ou hipovitaminoses, que também podem ser prejudiciais. 

Beatriz Belório Lossila, estudante do 3º período do curso de Medicina, orientada pelo prof. Eduardo Marcelo Cândido