Esqueci minha senha
Viver para mim é Cristo, morrer é lucro

Diocese de Barretos - 31 de outubro de 2025

Viver para mim é Cristo, morrer é lucro

Viver para mim é Cristo, morrer é lucro

Compartilhar


Por Padre Pedro Lopes - Vigário Paroquial São Miguel Arcanjo – Miguelópolis-SP

Na leitura do Evangelho de João (12,24-26) nos apresenta Jesus falando sobre a necessidade de morrer para produzir fruto: “Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo não cair na terra e morrer, permanecerá sozinho; mas se morrer, dará muito fruto.” Essa imagem tão simples da natureza revela uma profunda verdade espiritual: a vida cristã é fecunda quando se transforma em entrega, quando deixa de viver apenas para si e passa a viver para Deus e para os irmãos. Essa mensagem se conecta profundamente com a vida de Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir dos primeiros séculos da Igreja. Inácio entregou-se totalmente a Cristo, testemunhando a fé até o martírio. Ele não viu sua morte como derrota, mas como a realização plena de sua vocação. Como o grão de trigo que deve morrer para gerar fruto, aceitou sua morte com coragem e esperança, confiando que sua entrega daria frutos de fé, de unidade e de fortaleza na comunidade cristã. Somos desafiados assim a refletir sobre nossa própria vida. Quantas vezes nos apegamos a interesses pessoais, ao conforto, às seguranças humanas ou a hábitos que nos impedem de viver a fé com autenticidade? Muitas vezes queremos seguir Cristo, mas sem renunciar a nada. No entanto, Jesus nos recorda que a verdadeira grandeza não está em acumular ou preservar apenas para si, mas em servir, amar e entregar-se. Santo Inácio nos inspira a perceber que a vida cristã é um caminho de confiança e de entrega diária. Não se trata apenas de um sacrifício final, como o martírio, mas de pequenas mortes cotidianas: renunciar ao egoísmo, superar o orgulho, oferecer tempo, dons e esforços pelo bem dos outros. É nesse movimento de doar-se que o discípulo encontra alegria e fecundidade. Que possamos aprender, à luz do Evangelho e do testemunho de Santo Inácio, a não temer a renúncia. Pelo contrário, que saibamos enxergar nela uma oportunidade de viver plenamente o Evangelho e permitir que nossa vida produza frutos abundantes, para a glória de Deus e o bem da Igreja.