Por Pe. Flávio Pereira, Vigário Catedral, Barretos-SP

Todas as virtudes podem ser consideradas como um manual que nos auxiliem no bem viver; elas são consideradas como frutos que são produzidos, mas não aleatoriamente e sim no e pelo Espírito. Paulo exorta que somente no Espírito é que são produzidos tais frutos, quando aos Gálatas ele escreve que ‘[...]o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança[...] (Gl 5,22-23)’. Tais qualidades só são possíveis se a vida do homem for guiada por meio do Espírito Santo, uma vez que evidenciam ações cotidianas capazes de transformar nosso interior. Viver através da busca pelas virtudes podem fazer com que o ser humano experimente em si a retidão, paciência, compaixão e integridade. Viver virtuosamente é dar uma resposta consciente ao chamado de Deus para viver de acordo com aquilo que Ele espera de cada um de nós, ou mesmo colocar em prática seus princípios. Pode ser transcrito como ir além das aparências e buscar as coisas do alto em nossa caminhada de fé. O profeta Miquéias sugere que o homem deve buscar em sua vida o que é bom, no qual este procura a prática da justiça, amando a misericórdia e andar humildemente com Deus (Mq 6,8). Em suma, caminhar na justiça é um chamado pessoal à retidão, voltando-se ao cuidado com o outro e a denunciar injustiças sociais. Levar uma vida virtuosa não significa estar isento de erros, mas, antes, deve haver uma perene busca pelo que é correto, bom e agradável no Senhor, mesmo que haja limitações, falhas e fracassos. Recomeçar é sempre necessário! São Pedro nos exorta que ‘a exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos em todas as vossas ações (1Pe 1,15)’. Buscar a santidade e viver virtuosamente são caminhos difíceis de serem alcançados, no entanto, quando tiramos o olhar do mundo e passamos a viver os frutos do Espírito, o caminho se torna mais fácil de ser percorrido, pois haverá coerência entre fala e ação, ao passo que tais frutos serão demonstrados em nosso modo de agir, em uma verdadeira e profunda experiência que transcende as aparências que marcam o mundo. Nunca devemos nos cansar de fazer o bem, uma vez que no tempo certo colheremos, conforme nos orienta o Eclesiastes (3,1-8) para tanto, é necessário saber esperar em Deus, plantando as sementes do Reino, pois, no tempo certo, os frutos virão. O hábito de fazer o bem e viver virtuosamente não podem ser considerados como extraordinários, mas sim vividos com naturalidade para que possamos cultivar as virtudes, colocando-as em prática e possamos praticar os valores do reino, resistindo aos desafios mundanos e deixando que o Espírito Santo transforme nossos pensamentos e ações!