Na novela Travessia, de Gloria Perez, a personagem Brisa interpretada por Lucy Alvez sofre de uma condição genética chamada quimerismo. Mas afinal, o que é quimerismo? A medicina atribuiu esse termo para caracterizar indivíduos que possuem dois tipos distintos de DNA em seus corpos de forma natural.  

Com exceção dos gêmeos monozigóticos, cada ser humano possui um padrão genético único. Para casos de quimeras humanas em que há necessidade de se realizar um exame de DNA, o procedimento deve ser executado com material de diferentes tecidos do corpo, uma vez que múltiplos perfis genéticos podem estar distribuídos de maneira aleatória por todo o organismo desses indivíduos. Como exemplo prático, uma amostra de pele do braço e uma amostra de sangue de uma quimera humana revelaria padrões genéticos distintos, como se representassem duas pessoas. 

Durante o curso de uma gestação normal as células do feto passam para a circulação materna, rotineiramente. No caso das quimeras humanas, em que existem dentro de seus corpos dois perfis de DNAs diferentes, apenas um deles será herdado pelo embrião. Por esta razão, caso o padrão genético herdado pela criança não seja o mesmo contido na amostra coletada da mãe, o resultado de um exame de DNA acusaria incompatibilidade biológica, assim como ocorreu com a personagem Brisa em ‘Travessia’ em que o teste indicava que ela não era a mãe biológica de seu filho.

Apesar do caso da personagem despertar para um fato quase desconhecido, mas real – o quimerismo humano – é importante ressaltar que esta é uma condição extremamente rara e que não coloca em dúvidas a confiabilidade dos exames de DNA, que são realizados em condições de extremo rigor técnico e científico.

Giovana Cavalheiro de Lima, estudante do 3° Período do curso de Medicina da FACISB, orientada pela profª  Leticia Ferro Leal